O estudo “Investimentos Sociais Privados e a Longevidade”, da Fundação Dom Cabral (FDC), revelou que, apesar de a população idosa brasileira ser a parcela demográfica que mais cresce, atualmente com 36 milhões de brasileiros, os investimentos sociais privados seguem na contramão, deixando as pessoas 60+ fora das prioridades de alocação de recursos.
Segundo a pesquisa, em 2022, os investimentos sociais privados no Brasil totalizaram 4,8 bilhões de reais. Deste montante, apenas 10% foram destinados às leis de incentivo fiscal e, desse percentual, somente 26% foram aplicados em leis federais voltadas para a população 60+.
Um dos motivos é o fato de que muitas empresas privadas desconhecem as oportunidades de investimentos sociais privados direto e leis de incentivo fiscal que poderiam beneficiar a população idosa, mesmo ela mostrando-se cada vez mais inserida socialmente, participando ativamente da vida social, política e econômica do país.
Esse número é desproporcional ao aumento da população idosa no Brasil. Se o país continuar nesse ritmo de crescimento, será o sexto mais velho do mundo em 2050, segundo o IBGE. Para comparação, a França levou 115 anos para dobrar a proporção de população 60+ de 7% para 14%, enquanto o Brasil alcançou essa marca em menos de 20 anos.
Apesar disso, o foco das leis de incentivo fiscal utilizadas pelas empresas, em níveis federal, estadual ou municipal, continua a ser a Cultura e o público jovem. Ressalta-se que empresas qualificadas para a lei do Fundo do Idoso podem doar abatendo 100% do imposto de renda, o que poderia resultar em milhões de reais anualmente investidos se os fundos e conselhos dos idosos fossem regulamentados e as empresas escolhessem essa via.
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Bem-estar e qualidade de vida para os idosos
O Fundo do Idoso capta recursos financeiros para ações visando o bem-estar e a qualidade de vida das pessoas 60+, especialmente aquelas em situação de vulnerabilidade social e econômica.
Em 2022, apenas 19% dos municípios brasileiros possuíam fundos regularizados, embora o cenário se mostre otimista, visto que em 2020 essa porcentagem era de apenas 7%.
Dos investimentos sociais privados levantados, 56% foram destinados à região Sudeste, enquanto a região Norte recebeu somente 2% dos aportes em 10 fundos, sendo que os estados do Amapá, Amazonas, Rondônia e Roraima não receberam nenhum tipo de recurso. Mesmo entre os municípios e estados que conseguiram mobilizar recursos via fundos, apenas 14% concluíram o recebimento desses recursos.
Investimento na prática
Na prática, apenas 13% das Organizações da Sociedade Civil (OSC) têm impacto direto sobre a população 60+. A maior parte dos recursos vai para adolescentes e jovens de 15 a 29 anos, enquanto a população idosa não é prioridade em 59% das organizações.
Os resultados da pesquisa indicam que, embora a população brasileira esteja envelhecendo rapidamente, a sociedade e os investimentos sociais privados das organizações não acompanham essa mudança na mesma velocidade. É necessário preparar a sociedade para esse novo perfil demográfico o quanto antes para o benefício de todos.
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